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Personalidade Borderline

Personalidade Borderline - O que é?
Personalidade Borderline - Quais os principais sinais e sintomas?
Personalidade Borderline - Quais as possíveis causas e fatores de risco?
Personalidade Borderline - Pode estar associada a outras perturbações?
Personalidade Borderline - Qual a prevalência e mortalidade?
Personalidade Borderline - Como pode a psicoterapia ajudar?
Personalidade Borderline - Referências
Personalidade Borderline - O que é?

O que é?

A Perturbação de Personalidade Borderline é caracterizada por um padrão global de instabilidade no relacionamento com os outros, na autoimagem e nos afetos. Esta perturbação acarreta uma marcada dificuldade na gestão dos impulsos que tem normalmente o seu começo no início da idade adulta. Indivíduos com Perturbação de Personalidade Borderline tipicamente demonstram um padrão em que se prejudicam a si mesmos e se impedem de atingir objetivos (por exemplo, terminando relacionamentos saudáveis e satisfatórios ou demitindo-se quando um sucesso profissional está prestes a ser alcançado).

Personalidade Borderline - Quais os principais sinais e sintomas?

Quais os principais sinais e sintomas?

A Perturbação de Personalidade Borderline engloba sintomas em vários domínios, assim, é importante estar atento aos seguintes sinais:

1) Domínio comportamental e cognitivo

  • Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado;
  • Recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamentos de automutilação;
  • Ideação paranoide (padrão de desconfiança injustificada face a outros) transitória e relacionada com stress ou sintomas dissociativos (sensação de desligamento de si e/ou do mundo);
  • Impulsividade em áreas que são potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por exemplo: comportamentos sexuais arriscados, gastos financeiros imponderados, abuso de substâncias, condução imprudente, comer compulsivamente);
  • Nos casos mais graves, as reações ao stress podem induzir sintomas de tipo psicótico, incluindo alucinações e distorções da realidade percebida (nomeadamente em relação à autoimagem).

2) Domínio Emocional

  • Instabilidade afetiva devida à acentuada reatividade do humor, por exemplo, episódios de intensa euforia, irritabilidade ou ansiedade, geralmente durando algumas horas ou, apenas raramente, alguns dias;
  • Sentimentos crónicos de vazio;
  • Raiva intensa inadequada difícil de controlar (envolvendo, por exemplo, demonstrações frequentes de irritação ou agressões verbais ou corporais recorrentes).

Domínio Relacional (em relação ao próprio e aos outros)

  • Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização;
  • Sensação de maior segurança ao estabelecer relações com animais ou objetos inanimados do que com pessoas;
  • Perturbação de identidade, envolvendo uma instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou do sentimento de self.
Personalidade Borderline - Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Fatores biológicos

Existem dados recentes de neurobiologia que mostram uma incapacidade fisiológica em regular emoções na Perturbação de Personalidade Borderline. Estamos a falar concretamente de uma parte do cérebro chamada córtex cingulado anterior (que regula a amígdala, o centro da emoção) e do sulco intraparietal. Estas áreas cerebrais ficam inativas perante situações de grande carga emocional, originando reações emocionais extremas e sem estabilização. A hereditariedade pode também apresentar um papel importante, sendo esta perturbação cinco vezes mais comum em familiares em primeiro grau de indivíduos com a perturbação.

Fatores ambientais

A Perturbação de Personalidade Borderline tem tendência a manifestar-se em pessoas com uma vinculação parental ausente, que tiveram pais negligentes, invalidantes, ausentes, violentos ou abusivos. Estes estilos parentais traduzem-se na total ou quase total ausência de regras, limites e rotinas, com papéis familiares invertidos ou inexistentes e hábitos de autocuidado e autorregulação ausentes. Adicionalmente, existe tendência de agravamento do quadro quando as pessoas passaram por eventos traumáticos na infância e uma grande incidência em casos onde existiu abuso na infância, o que faz com que no caso do abuso sexual se fale no desenvolvimento de trauma complexo. Relativamente ao abuso, cerca de 72% dos indivíduos com esta perturbação referem ter sofrido abuso verbal, 46% abuso físico e 26% abuso sexual.

Personalidade Borderline - Pode estar associada a outras perturbações?

Pode estar associada a outras perturbações?

A Perturbação de Personalidade Borderline tende a ocorrer simultaneamente com outras perturbações de saúde mental. As mais comuns incluem a Depressiva, Bipolar, Perturbações de Uso de Substâncias, Perturbações de Ansiedade (nomeadamente Perturbação de Pânico e Perturbação de Ansiedade Social), Perturbação de Stress Pós-Traumático e Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção. É também frequente a associação a outras Perturbações de Personalidade. Note-se ainda que deficiências ou limitações físicas podem resultar de comportamentos de abuso autoinfligido ou de tentativas de suicídio prévias.

Personalidade Borderline - Qual a prevalência e mortalidade?

Qual a prevalência e mortalidade?

A Perturbação de Personalidade Borderline encontra-se presente em 2% da população em geral. O início da manifestação desta perturbação situa-se no começo da idade adulta e tende a estabilizar entre os 30 e os 40 anos de idade. O contexto cultural desempenha um papel importante no diagnóstico desta perturbação, pelo que os sintomas devem ser avaliados à luz das normas do contexto social do indivíduo.

Existe uma taxa entre 3 a 9,5% de suicídios em casos que apresentam menos do que os 5 critérios necessários para diagnóstico oficial e uma taxa de suicídio de 40% em casos que preenchem 6 ou mais critérios. O suicídio está sobretudo presente em casos em que coocorrem comportamentos impulsivos, antissociais, Perturbações Depressivas e Perturbações de Uso de Substâncias. No entanto, mortes por acidentes ou doenças são também bastante comuns em indivíduos com Perturbação de Personalidade Borderline.

Personalidade Borderline - Como pode a psicoterapia ajudar?

Como pode a psicoterapia ajudar?

O enfoque da intervenção psicoterapêutica na Perturbação de Personalidade Borderline deve ser a relação do cliente consigo próprio e com os outros – dado que a área relacional é aquela que surge como mais sensível. Assim, a relação terapêutica torna-se uma ferramenta essencial, bem como um olhar sistémico, conjugal e familiar. Este aspeto é imprescindível para se compreender e gerir o conjunto de fontes relacionais que servem de base e manutenção à Perturbação de Personalidade Borderline.

Uma das abordagens por excelência na intervenção com esta perturbação é a Terapia Comportamental Dialética (Dialectical Behavior Therapy ou DBT). Os estudos têm comprovado a sua eficácia, não só nesta perturbação mas também em área relacionadas com o controlo de impulsos, abuso de substâncias, stress pós-traumático, perturbações alimentares e de autoimagem e depressão. Valoriza o trabalho dialético permanente entre validação e aceitação e, no essencial, assenta sobre quatro pilares:

  • Mindfulness
  • Tolerância ao sofrimento
  • Eficácia interpessoal
  • Regulação emocional
Personalidade Borderline - Referências

Referências

American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). American Psychiatric Association.

Koenigsberg, H. W., Fan, J., Ochsner, K. N., Liu, X., Guise, K. G., Pizzarello, S., et al. (2009). Neural correlates of the use of psychological distancing to regulate responses to negative social cues: a study of patients with borderline Personality Disorder. Biol Psyquiatry, 66(9):854-63

Linehan, M. M. (1993). Skills Training Manual for Treating Borderline Personality Disorder. New York: Guilford

Linehan, M., M., Bohus, M., Lynch, T.R.. (2007) Dialectical Behavior Therapy for. Pervasive Emotion Dysregulation. In. Gross, J. (Ed.) Handbook of Emotion Regulation. New York: The Guilford Press

Millon, Theodore (2004). Personality Disorders in Modern Life (2nd ed.). New York: John Wiley and Sons

Safran, J.D. & Muran, J.C. (2000). Negotiating the therapeutic alliance: A relational treatment guide. New York: Guilford.

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